Tenho um Impressão que esqueci de ficar velha , ou então ninguém me avisou que ficar velha é ser mau humorada e ranzinza. Todos esperam que na velhice a gente não brinque , não ria , não faça tolices, nao viva . Só sentar e esperar a morte chegar .
Tenho na minha casa um grupo de pessoas idosas na faixa dos 60 aos 90 anos que todas as semanas se reunem para jogar pontinho . A mais nova de 55 anos eu sou .
Comecei a jogar com essa turma quando  me vi impossibilitada de caminha durante um período
 de minha vida a quatro anos atrás em virtude de  artrose nos meus joelhos .
Sempre foi para mim um passatempo divertido e prezeroso, ou melhor, pensei que fosse até ficar novamente em melhores condições físicas e procurar novas atividades  para preencher o tempo .
Dentre outras coisas , comecei a jogar pôquer  em dois clubes aqui de Porto Alegre,  pois já jogava on line e  adorava o jogo.
Foi ai que percebi que meu espírito vai ser sempre jovem . Nos clubes há Uma miscelânea de gente de todas as idades jogando e o clima é dos mais alegres e divertidos . Todos fazendo amizades saudáveis numa camaradagem  jovial , Independente da idade .
Na turma de idosos do jogo de pontinho ocorre o inverso . Todo mundo está semper de irritado ou de mau humor. As pessoas não tem paciência umas com as outras e o caos que se forma com discussões deixa todos mais extressados. Emvez de deixar as neuras fechadas em casa e aproveitar e relaxar nessa brincadeira em grupo, acontece o contrário: Bagunça e discussões intermináveis.
Sempre fiquei incomodada com a animosidade  desses parceiros , Mas não tinha percebido o quão intolerantes e teimosos são eles até poder fazer essa  comparação com meus parceiros de pôquer.
Acho que por esse  meu espírito positivo  e de bem com a vida , semper olho para o mundo com ao melhor ângulo que essa visão pode me proporcionar.  Assim era com meus parceiros de  pontinho , tentava apaziguar discórdias e punha  "panos quentes " nas disputas por uma ou outra querer ser a verdade . Até que surgiu o pôquer e pude , lamentavelmente , fazer uma comparação.
Primeiro pensei em parar com o jogo de pontinho . Foi o que fiz por uns dois meses . Quase todos me telefonando e pedindo um par voltar fazer e eu irredutível não querendo.Até que pensando  melhor, resolvi voltar um fazê- lo a partir desta próxima terça feira .
Sabem por que? Porquê gosto muito delas apesar da rabugice . Foram elas que, com mau humor ,  brigas e fofocas, fizeram dos meus dias e meses de doença , com muitas dores e alguma incapacidade física, oásis onde eu podia esquecer as dores e a vida agitada que não podia mais ter.
Então, devo a elas não só meu amor  e amizade , mas uma vida inteira de gratidão por terem feito o tempo passar tão depressa enquanto me tratava para amenizar os efeitos e sintomas da minha doença.
Agora estou retirando o que disse nos primeiros parágrafos , ou pelo menos reformulando . Ficar velho não é só mau humor ou  é também continuar  a viver a vida e dar alento e suporte as pessoas ao redor, principalmente as mais novas  como eu , que apesar do astral alto, foi Tão intransigente quanto acreditava que elas eram . Isso entre tantas outras qualidades dos idosos não observadas dentro dessa minha intolerância .
Sei que na terça feira , tudo vai ser como antes. Muita discórdia , muita reclamação , muito mau humor , mas  também muitas risadas, muito carinho , muita amizade  . Coisas que eu não via  e que ia contra minha convicção e filosofia de vida : Ver a vida e as pessoas pelo lado bom e tirar delas o que de melhor elas podem nos oferecer.
Ainda bem que acordei e pude ver que a intransigência estava sendo minha . Se acho que sou amiga delas e tenho muito a agradecer , então tenho que demonstrar abrindo , não só minha casa,  mas meu coração também .
Então, sejam bem vindas na terça minhas amigas queridas e me desculpem por quase não aceitá- las como vocês são . E vocês são e fazem parte da minha vida , Seja ela do jeito que for.

Amiga!
ResponderExcluirLindo o que escreveu sobre tuas velhinhas.Fico muito feliz em saber que você tambem esta...
Beijão