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"Com
relação a minha avó Isabel, desde que meu avo Benedicto morreu, de
cirrose, ela morou com meus pais. Sempre foi uma mulher dependente
que não conseguia se determinar para viver só. Quando eu, já
casada e com filhos, fui morar na Walter Só Jobim ela foi junto.
So´saiu de minha casa quando ficou totalmente senil e tivemos que
interná-la em uma clinica para idosos. Minha mãe e seu irmão a
internaram em Posadas para que ela ficasse com as pessoas que falavam
seu mesmo idioma.
Nesse
asilo ela até que teve uma vida relativamente boa. Divertida,
pode-se dizer. Logo em seguida arrumou um pretendente. Ele estava
bastante lúcido e se acarinhou pela 'abuela' Isabel. Mesmo ela senil,
ele cuidava carinhosamente dela. Nos seus momentos de lucides
gostava de ficar sentada ou passeando com ele de mãos dadas. Foi
assim até o dia em que ele faleceu de uma parada cardíaca
fulminante. Dai por diante, ela foi definhando cada vez mais até
cair e quebrar o fêmur e não mais sair do hospital. Morreu numa
tarde completamente alheia a tudo ao seu redor. Acreditamos que
perdeu a razão de viver e foi se indo aos poucos.
Vovó
era uma pessoa divertida e de tiradas surpreendentes que nos faziam
rir muito, como por exemplo aquela vez em que foi a um velório em
Santo Angelo e disse para nós que era uma festa. Disse brincando e
nós pensando que era sério a orientamos como deveria dizer em
português ao chegar na casa: - Meus parabéns! Pois ela, mesmo
sabendo, mais ou menos, o que queria dizer isso, pois já tinha
morado quando recém-casada no Mato Grosso, chega no velório e vai
dizendo pra todo mundo: - Meus parabéns! Era um tal de risadinhas
abafadas no velório que só vendo pra crer. E isso foi verdade
mesmo. O Abel, genro do falecido é que contou pra nós dias depois.
Outra
dela, é que adorava repetir várias vezes as palavras em português
que mais gostava. As preferidas dela eram: assassino, vindouro e
gafanhoto – que ela dizia “cafanhoto” -. Certo dia estavamos
almoçando o costumeiro bife de picanha - na nossa casa havia picanha
todo dia, mesmo quando cozinhavam galinha ou peixe. Picanha não
faltava nunca. Papai gostava assim – e ela me sai com esta: - No
sábado vindouro houve um assassinato por causa do “cafanhoto”.
Foi um gargalhar geral. Liliana que estava com a boca cheia, se
engasgou de tanto rir e tossia arroz e ovo que saiam pela boca e pelo
nariz.
Por
ai também, além de papai, da pra ver que eu tinha muito por quem
puxar."
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Nota: livro ainda não diagramado e ainda não revisdo.
Parabénssssss pela sua belíssima iniciativa ,
ResponderExcluiraté me emocionei e chorei com saudades de minha amada vó , que já se foi e tive o prazer de estar com ela antes da partida, pq estava muuuito longe e não tinha condições de vir vê-la.....
Continue amiga , já adorei ler os primeiros passos desse livro , q garanto q vai ser lindo !!!
Bjs
ops , corrreção :não tive o prazer..........
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